quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um minuto...

Talvez um minuto seja muito, ou para outros bem pouco... Tempo louco que segundos voam quando a gente corre e congelam quando a gente nem se move ... Ampulheta quebrada quando não preciso do tempo... Ligeira quando quero muito este momento... Que não me deixa partir no instante que desejo, e me vejo a correr pra não perder o trem... E esperar o outro que não vêm... Ahhhh meu bem, se um minuto fosse tão pouco pra mim, talvez virasse os segundos que não vejo passar... Tiro os ponteiros do relógio, e o tempo continua a se mover no seu ritmo... Arrasto eles de dias em um agora, e nada muda na história, devo crer que tudo tem a sua hora... Só espero que nada vá embora do alcance que embola meus sonhos, meus banhos, pensamentos insanos, certezas absolutas que não tendem a permutas de sentimentos... Sou verdade em tormento, como os segundos um a um, que sempre seguem sua ordem, sem desencontros, nem medo algum... Sou mais uma no trem das oito que sai lotado, sem ninguém olhar pro lado... Sem dar tempo de uma respirada, talvez um minuto seja muito, ou nada... Mas depende do valor que se encontra nele, no que pode ser capaz de fazer... Pois em um minuto se pode viver, morrer... Talvez um olhar de apaixonar, uma dor de fazer a gente chorar, um pulsar mais forte, um susto, um medo a galope, simpatia, crise de histeria... Talvez um nasça a cada minuto, talvez morra num infarto fulminante, alguém ganhe um sorriso brilhante, um beijo instigante que irá se viciar... Talvez no minuto exato de começar, amor que minuto é pouco quando junto, e muito quando longe... E o bonde já apita na estação, vou correr em um minuto, passo em mero vulto, as escadas obstáculos, e ao final quando chego, o um minuto parece voltar outra vez... E já estou pronta pra partir e chegar... Mas me vejo a esperar um minuto que não passa... Vontade de gritar, de fazer pirraça...Um minuto que é muito, no tempo que não é de graça...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Somos bem e mal também...

Nelson, que é Rodrigues, que comigo coincide, que vira e mexe transmite energia que contagia minha alma ao pensar no que virá, no esperar do ser humano, que mente, que não sente o mal que faz... Santos e canalhas todos nós, meio bom, meio mal, do contrário, anormal, que flui natural na pele, no suor que brota, pensamento idiota que acompanha cada passo... E tanto faz... Se tenho uma foice na mão esquerda e no rosto sou a paz, o que vale é o que contrai da cólera maldita, que identifica nossa alma antes da ação bendita... Movimento Xiita, coração nem mais palpita entre certeza e indecisão, água e terra, luz e escuridão, tubarão faminto... Viva o instinto, que enche a barriga da vontade que sinto, da saudade que vive a repetir, que agora calo, prometo, não mais falo o que passa aqui... Sou chorar e rir, podre sofrimento a insistir, talvez pela solidão em estar a apertar as idéias... Quero sonhos reais, sem dólar na carteira, tapando sol com a peneira, quero imã de geladeira, camiseta de caveira... Poder de querer o que agora não se pode ter, sentir prazer, querer que o instante se eternize... Quero casa ao lado do riacho, quero silêncio, passarinho verde, quero rede, talvez um lar, ver brotar amor sem grade... Mas já é tarde, já faz tempo, valores em pedaços, tênis sem cadarço... Circo sem palhaço, sítio sem espaço, presente sem laço... Nunca pensei fazer tanta falta um abraço...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SEM título...

Meio barro, meio tijolo, cor de ovo mal chocado, cor daquilo engarrafado, dormir sem estar deitado... Cor de burro quando foge, meio vazio que meio cheio, torta sem recheio, inicio e fim sem meio, dia que amanhece feio, bicicleta sem um freio, leite sem chocolate, vitamina sem abacate, morango sem chantilly, viver sem rir, acordar sem kiwi, apenas existir, chegar e deixar partir... Biscoito água e sal, comer de passar mal, casa sem quintal, vassoura sem pau, pipoca sem guaraná, piruá na panela, quarto quente sem janela... Mulher sem maravilha, creme sem ervilha, menta fora da pastilha, pimenta que não arde, filme de herói covarde, coroa sem majestade, cinderela sem príncipe, aquarela sem cor, sorvete sem sabor... Remédio sem bula, livro sem sumário, roupa sem armário, trilha sem atalho, arroz sem alho, peixe sem aquário, aniversário sem balão, cama sem colchão, corpo sem coração, pingente sem cordão, namorar sem dar a mão, tirar o miolo do pão, não saber o que é bom...Brigadeiro sem granulado, poltrona com vaga ao lado, futuro sem passado, amar sem ser amado, picolé descongelado, papel amassado, telefone desligado, som que toca calado, namorar sem namorado, rio parado, manicômio sem pirado... Olhar marejado... Vago e vazio, quando a mente para e nada dispara, fiquei congelada...Espero a primavera, ver as flores amarelas e pensar que a vida pode ser bela, quando o bem fazemos nela...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pequenos olhos...

Olhar pequeno, paixão é veneno, coração inteiro sem remendo, que já chego querendo, amando, gostando de estar, lábios a me beijar, doçura que vive a me encantar, saudade sempre ao pensar, dormir colado, meu namorado, momento parado, do sorriso apertado... Pequenos olhos, espero... Não chorem na solidão da noite fria, que um dia a agonia vai embora e a gente vive e comemora a razão da vida, o princípio da história e o que mais faremos nela depois do agora... Pequenos olhos, não me demoro a chegar, vamos deitar, relaxar, curtir os dias, e deixar meu corpo se aconchegar ao seu, acomodar minha cabeça em seus braços que passam em laços sobre mim... Pequenos olhos, eu os quero a me observar, apreciar cada movimento, me tomar, me desejar ter cada segundo, no instante mais profundo, gozar no mundo nosso, e jurar amar pra sempre, sem abreviar o que sente, viver os excessos, os pensamentos perversos, provar os sabores diversos do romance... Para que o fim nunca alcance nossas vidas... Pequenos olhos... Não menos que o infinito te amarei, pra fazermos tudo que sonhei, junto com seus sonhos, suas sementes, crentes no Deus que fortalece, escolha que o bem prevalece... Enriquece meus dias distantes, quero tudo de antes, dar adeus aos tempos viajantes... Preço caro do instante, mas não me calo, sigo a esbravejar os sentimentos sempre que paro a pensar... Ao lembrar dos meus pequenos olhos a me amar...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Já vou enlouquecer...

Ao poeta Cazuza exponho aqui a sua culpa e meu desprazer, venho dizer que o tempo pára sim, quando todos estão longe de mim... E já vou enlouquecer... Relógio amarelo, dicionário que espero decorar, tantos estranhos, tanto sonhar, mas queria ao amor compartilhar os dias que não passam... Pois se o tempo não pára, espero que passe depressa, pra que me leve de vez como uma flecha... Que com amor, porta nenhuma se fecha, luar que me detesta e nem vejo surgir e partir... Estou a caminho... E já vou enlouquecer... Quarto calado, medo da distância, computador branco, maçã mordida, bela pedida, corrida ao sol quente, chafariz sem água, calçada vermelha... Olho a roseira que nem tem cor, e logo penso no meu grande amor... Caveira triste, elefante em lágrimas, flores que murcham, nome que perde a direção... Buda nervoso... Infinito vazio... Sorte por um fio... E eu já estou a enlouquecer... Corpo cheio de espinhos, olhar sem caminhos, sorrisos sozinhos... Foto na parede, sinto mais perto meu amor, eu e você, mas logo vejo que não está aqui, e lá estou eu, a ponto de enlouquecer... Ninguém me entende na origem, ninguém me conhece na bondade, sou mais uma na paisagem que não muda... Sou maldade , perdição, sou vaidade e duração, mas a ausência do que é de Jah, faz doer, faz lembrar que longe deixei estar... Degraus irei subir, obstáculos destruir, quero a dor pra ver a força, quero cair pra levantar com alma guerreira e saber que quando algo resiste a distância, vive pra sempre, e que venha a bonança, que irei lutar na esperança sozinha, pra logo vivermos a dois, mesmo que não seja hoje, que seja depois... Espero você, longe da capital... Antes que venha o mal... Antes de enlouquecer, quero viver a minha vida toda com você...